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sexta-feira, 22 de abril de 2011

A Páscoa na Perspectiva Bíblica

A Páscoa na Perspectiva Bíblica
Pr. Isaías Oliveira Soares
1. Texto Bíblico:
Êxodo 12
E falou o SENHOR a Moisés e a Arão na terra do Egito, dizendo:
Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano.
Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família.
Mas se a família for pequena para um cordeiro, então tome um só com seu vizinho perto de sua casa, conforme o número das almas; cada um conforme ao seu comer, fareis a conta conforme ao cordeiro.
O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras.
E o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde.
E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem.
E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão.
Não comereis dele cru, nem cozido em água, senão assado no fogo, a sua cabeça com os seus pés e com a sua fressura.
E nada dele deixareis até amanhã; mas o que dele ficar até amanhã, queimareis no fogo.
Assim pois o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do SENHOR.
2. Significado histórico da Páscoa:
a) O que é: Em Ex 12:3 - Gn 15: 13,14 - Jo 8:32-36 - Jo 3:16. O termo "páscoa" deriva da palavra hebraica "pessach", que significa passar por cima, pular além da marca ou passar sobre (atravessar). Quando Deus ordenou ao anjo destruidor que eliminasse todo primogênito na terra do Egito, a casa que tivesse o sinal do sangue do cordeiro não seria visitada pela morte (Êxodo 12:1-36). Os judeus passaram então a celebrar a Páscoa (Pessah) comemorando a saída do Egito, a passagem para a liberdade. A partir de Jesus, essa celebração foi substituída pela Ceia do Senhor, com o pão e o vinho, em Sua memória. Não mais para relembrarmos a saída do Egito, mas para estarmos sempre nos lembrando da liberdade que Nele há, da Sua morte e ressurreição. A passagem de uma vida, para uma vida vivida em "novidade de vida"
b) Aspectos físicos da Primeira Páscoa:
• Havia exigências quanto ao tipo do animal a ser imolado
•"Cada um por si" (Êxodo 12.3) - a responsabilidade individual.
•Um cordeiro "segundo as casas dos pais" (Êxodo 12.3,4) - segundo as necessidades de cada um.
•Sem mácula (Êxodo 12.5) - a pureza do sacrifício.
•Macho (Êxodo 12.5) - por determinação divina; a qualificação perfeita.
•Tomado entre as ovelhas ou as cabras (Êxodo 12.5) - a utilidade e acessibilidade do sacrifício.
•Um ano de idade (Êxodo 12.5) - a inocência e preciosidade do sacrifício
•O cordeiro pascoal era separado no décimo dia de Abibe (abril) e examinado minuciosamente antes do seu sacrifício no dia 14 de Abibe, pois o cordeiro tinha que ser "... imaculado".
•Quando Lucas registra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém poucos dias antes da crucificação, o faz exatamente na hora em que o povo estava trazendo os seus cordeiros pascoais para serem examinados pelos sacerdotes. Segundo o autor de Hebreus 7: 26 Jesus tinha que ser declarado "... Santo, irrepreensível, imaculado, e inviolado pelos pecadores".

• Havia exigências quanto ao modo de sacrificar. (Êxodo 12.6).
•Para que fosse aceito o cordeiro era guardado do décimo até o décimo quatro dia (Êxodo 12.6).
•Era sacrificado à tarde (Êxodo 12.6).
•O seu sangue era um sinal para o Senhor não ferir ninguém na casa onde o seu sangue era posto na verga e nas ombreiras da porta (Êxodo 12.7).
•A sua carne deveria ser assada no fogo com pães ázimos e comida com ervas amargas (Êxodo 12.8).
•Nada dele deveriam ser comidos cru, nem cozidos em água, mas assado no fogo (Êxodo 12.9).
•A sua cabeça e os pés com a sua fressura, nada podiam ser deixados até o amanhecer (Êxodo 12.9).
• Havia exigências quanto à forma de comeram o sacrifício (Êxodo 12.11).
•Os que comiam na páscoa tinham que estar vestidos para viajar (Êxodo 12.11, lombos cingidos, sapatos nos pés, o cajado na mão).
•Deviam comer apressadamente (Êxodo 12.11). Prontos para obedecer na peregrinação.
• O animal era rigorosamente examinado pelo sacerdote.
•O cordeiro da Páscoa era submetido a um exame pelos sacerdotes que o julgavam, com base no exame de sua perfeição, apto para ser sacrificado. Quando lemos o relato de Mateus 22 do verso 15 ao 46, encontramos Jesus, o cordeiro de Deus, sendo examinado pelos herodianos, saduceus, escribas e fariseus e nenhum deles conseguiram achar nele nenhum defeito que o incriminasse e eles mesmo ficaram sem condições de responder-lhe nenhuma palavra (cf. Mt 22:46).

3. Significado Bíblico da Páscoa
1. Cristo: o sacrifício propício.
•Jesus era o sacrifício dado por Deus (João 3.16; Isaías 28.16; 42.1; I Pedro 2.4, "mas para Deus, eleita e preciosa"). Por si – "O Cordeiro de Deus".
• Ele é o "justo para os injustos" (I Pedro 3.18); veio ao mundo, nascido de mulher, sob a lei (Gálatas 4.4), verdadeiramente Ele é "segundo a casa dos pais" (Êxodo 12.3,4).
2. Cristo era o sacrifício de Deus sem mácula (II Coríntios 5.21; Hebreus 4.15; I Pedro 2.22).
•Cristo é macho "E dará à luz um filho" (Mateus 1.21); os anjos anunciaram aos pastores de Belém, "Achareis o menino envolto em panos" (Lucas 2.12); os pastores foram a Belém e "acharam...". o menino deitado na manjedoura" (Lucas 2.16); na fuga para o Egito, o anjo do Senhor apareceu em sonhos, "Levanta-te, e toma o menino" (Mateus 2.13); na volta do Egito para Israel, "Levanta-te, e toma o menino" (Mateus 2.19); e em Jerusalém, Jesus foi circuncidado (Lucas 2.21) e foi apresentado no templo, pois "Todo o macho primogênito será consagrado ao Senhor" (Lucas 2.23); na volta a Nazaré Lucas foi inspirado a relatar "E o menino crescia" (Lucas 2.40). Verdadeiramente Cristo é o Filho de Deus.
•Cristo foi tomado entre o povo (Isaías 53.2, "como raiz de uma terra seca;"; João 1.11, "o que era seu"; Mateus 26.45, "Filho do homem").
•Inocente e precioso diante de Deus, (I Pedro 1.19; Provérbios 8.29-31; II Samuel 12.3) assim como foi precioso o cordeiro de um ano.
3. CRISTO NOSSO VIGÁRIO (substituto).
1. Jesus, o cordeiro de Deus o antítipo do cordeiro da páscoa.
•Cristo foi guardado aparte, até que fosse "chegada à hora" certa (João 17.1), Cristo foi aguardado até a "plenitude do tempo" (Gálatas 4.4); "a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho", (Hebreus 1.1).
•Jesus também foi crucificado à tarde (Mateus 27.46; Marcos 12.34; Lucas 23.44; João 19.14) e foi diante todo o ajuntamento da congregação: os políticos, soldados, religiosos e o público geral (Mateus 27.11-20, 27-31, 39-44). Portanto, são testemunhas.
•A aspersão (aplicação) do seu sangue é sinal que Deus aceita o sacrifício (Hebreus 9.14; 12.24). Quem tem o sangue de Cristo em seu coração nunca verá a morte, mas já passou da morte para a vida (João 5.24; II Tessalonicenses 1.10; I João 1.7).
•A morte de Cristo foi acompanhada por tristeza e sofrimento, da mesma maneira que a carne da páscoa, assada no fogo e comida com ervas amargas (Mateus 26.37-44, "começou a entristecer-se e a angustiar-se muito"; II Coríntios 7.10, "tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação). Cristo foi desamparado por Deus (Mateus 27.46), um sacrifício completo, nada terminando antes da hora (Fil. 2.8, "obediente até a morte, e morte de cruz."). Tudo "consumado" perfeitamente.
•Assim como nenhum pedaço da carne da páscoa deveria ficar para depois, nada do corpo de Cristo foi deixado além da hora prevista na cruz (Mateus 27.57-60) ou na sepultura, pois ressuscitou no terceiro dia (Mateus 28.1-6, "Ele não está aqui"), exatamente como foi profetizado (Mateus 16.21).
•A qualificação dos que "comem" de Cristo pela fé (João 6.55,63; Romanos 1.17, "o justo viverá da fé") é a mesma para os que tenham direito a participar da Ceia do Senhor (a instrução sobre a Ceia do Senhor foi dada aos membros da igreja em Coríntios, I Coríntios 11.20, 24; "quando vos ajuntais", como a primeira ceia foi para os daquela casa, Êxodo 12.3,4).
•Comem se preparando para peregrinar honestamente (Rom 6.4, para andar "em novidade de vida") entre os gentios, até o "dia da visitação" (I Pedro 2.11,12). Nossa morada, tesouro, vida e reino são tudo no céu. Estamos em terra estranha e devemos andar como os do dia (I Tessalonicenses 5.5,6, "Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas. Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios;"; Efésios 5.8; I Coríntios 11.28, "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.").
•Também há uma certa pressa para que o pecador seja salvo, para não deixar para outra hora a salvação que é tão necessária (Atos 17.30; Hebreus 3.7-11). Há pressa também para os salvos. Eles têm responsabilidades sérias para cumprir antes da vinda do Senhor: evangelização; santificação pessoal.
•O crente é um peregrino e a vinda de Cristo é iminente. Portanto, trilhe o seu caminho apressando-se enquanto olhe para Jesus que logo virá (Hebreus 12.1,2; I Tessalonicenses 5.2; II Pedro 3.10; I Coríntios 11.26, "Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha").
A instituição da Ceia do Senhor foi durante a observação da Ceia da Páscoa (Mateus 26.17-19; Marcos 14.12-16; Lucas 22.7-13) assim trazendo as verdades tipológicas da Ceia da Páscoa para a Ceia do Senhor.
•O Pão ázimo representa Cristo sem pecado como o sacrifício idôneo no lugar dos pecadores que se arrependem e crêem Nele (II Coríntios 5.21; fermento representa pecado: I Coríntios 5.6-8; Lucas 12.1).
•O Fruto da Vide representa a inocência e a preciosidade da vida de Cristo (I Pedro 1.18,19) que foi derramada na cruz para todos estes que creram, crêem e crerão Nele (João 3.16; 17.9,20).
•A Ceia do Senhor é de natureza memorial. - Lucas 22.19 "fazei isto em memória de mim."; 1 Coríntios 11.24. Não salva o memorial. Este não tem poder para salvar. É apenas uma lembrança que aponta à morte de Jesus. Cristo é a salvação perfeita. Crendo Nele entra no agrado de Deus. Rejeitando Cristo, rejeita o único sacrifício pelos pecados que agrada Deus.
Cristo é o "Cordeiro de Deus", a "nossa páscoa" (I Coríntios 5.7, "Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós"; I Pedro 2.24) em todas as maneiras, e a Ceia do Senhor relembra-nos disso.
2. O significado prático da Páscoa
A Páscoa significa libertação. A Páscoa surge como a festa que marcava o fim da opressão e da escravidão no Egito do povo hebreu. A profecia a Abraão revelava que seus descendentes ficariam sob o domínio de uma terra estranha por 400 anos, mas que depois eles seriam libertados e sairiam com grande riqueza (cf. Gn 15: 13,14). E isto de fato ocorreu, mas não antes que esta festa fosse celebrada. E um pequeno detalhe, se esta festa era a festa da libertação, porque então ela foi celebrada antes da libertação propriamente dita? Porque Deus quis ensinar que o sacrifício expiatório, a fé e a nossa obediência precedem a plena libertação, afinal, Israel não estava sendo liberto apenas do Egito, mas também do Anjo da Morte. E isto implica que a libertação espiritual sempre precede à física. Se o sangue do cordeiro não fosse derramado e aspergido sob os umbrais da casa, o povo de Israel teria sido destruído pelo Anjo. A libertação da páscoa reveste-se, portanto, de um caráter interior, por mostrar a necessidade pessoal de libertação por meio da substituição. E um caráter prospectivo, porque profetizava a libertação antes dela acontecer e prenunciava a obra messiânica de Cristo.
Neste sentido, a Páscoa devia ser celebrada por nós com profunda reverência e festa, afinal, Cristo é a nossa Páscoa. Sua vida foi posta como cordeiro que sendo morto derramou seu sangue em favor de muitos. A nossa libertação espiritual plena foi conquistada por Cristo, a nossa Páscoa. João Batista chamou Jesus de "cordeiro de Deus" que tira o pecado do mundo (cf. Jo 1.29). O apóstolo Paulo disse que ele é a nossa páscoa (1Co 5:7), e Ele mesmo prometeu a libertação a todos quantos crerem Nele (cf. Jo 8:32-36 e Mt 11:28).
Aceitar o sacrifício de Jesus feito por nós como diz as Escrituras, é saborear da páscoa, e estar no caminho da liberdade espiritual. A Páscoa dos hebreus os libertou da escravidão, opressão, miséria e de seus pecados perante Deus. Esta libertação aponta para o começo de uma nova vida, liberta de todos os seus terrores e opressão.
Páscoa significa também salvação da Família. Observem que a promessa de Deus era que por meio do sacrifício de um cordeiro e cada casa era salva do destruidor. Faraó havia dito ao povo hebreu que eles podiam ir, mas sem os seus filhos (cf. Ex 10:8-11). A Páscoa nos desperta para o fato de que a obra de Jesus foi suficiente para conceder libertação também a nossa Família. O Senhor nesta ocasião quer te despertar para o compromisso que você, pai, mãe e filho, tem diante de Dele para com sua própria família.
Páscoa tem profundo significado para o cristão por representar a obra de Cristo para a nossa redenção. Séculos depois a páscoa cristã, um dia tornar-se-ia história na encarnação do Senhor. E a Páscoa hebraica era exatamente uma antecipação figurativa da obra de Jesus no calvário. Observemos agora algumas similaridades do cordeiro da Páscoa e de Cristo a nossa Páscoa.
C r i s t o é a N o s s a P á s c o a!
U m a F e l i z P á s c o a t o d o s!

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